I
Agora que já
Estamos sozinhos
Permita-me provar
O fogo da peçonha
que alimenta
A alma inquieta
E me deixe apascentar
- Sem medo - os incautos
Girassóis do entardecer
II
Onde passeei os olhos
Havia paredes
Tateei nas redes
Do insólito
E a caligrafia do destino
Rabiscava a medo
III
Guardo os vestígios
Da tua última morada
Quando abrasavas o sexo
Das minhas mornas palavras
IV
Ruminarei as aragens
dessas mornas paisagens
e com (e)terna calma,
irei pastorear o silêncio
Na quadra de um rio
V
Perdoai a singela aurora
Que rouba dos olhos
A lágrima incandescente
Sinto algo de sal
Na idade reticente
Desse espírito
Que em mim habita
Essas palavras soltas
VI
Não há perdão para o silêncio
Que ora insinuas sob as
vestes
Quero o pasto
delicado
da tua pele
e o repouso
sincero
de um abraço
VII
Nada mais que silêncio
Aflora desse estar inquieto
É um alvoroço sem fim
O horizonte inquebrantável
VIII
e tanta coisa era
ao mesmo tempo
- nada -
o espelho
refletindo
o deserto
o meu rosto
espraiado
na planície
e o claro enigma
da luz: decerto
Assis Freitas
4 comentários:
Nossa... Super bonitos.
Abraço grande, querido poeta!
O mais legal dos poemas do Assis, é que quando começo a ler, antes de saber a autoria, eu sei que é dele.
Estilo é para poucos.
Amo!
Bjs poetas
Que maravilha, poeta!
Beijos!
gracias, gracias
beijos e cheiros
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